quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A ETNIA XETÁ

Origem
Acredita-se que os Xetá habitavam a Serra dos Dourados a margem do rio Ivaí, tem-se a presente etnia como a última a ter contato com o homem branco no estado do Paraná, de acordo com Rodrigues (1979) o primeiro contato com o homem branco ocorreu em 1950, os Xetás são  pertencentes da mais conhecida e vasta família linguística dos índios que habitavam e habitam o Brasil, sendo estes pertencentes ao  tronco linguístico Tupi-Guarani, o mesmo da etnia Guarani e dos extintos Tupinambas.
Mesmo havendo poucas bibliografias acerca desta etnia, as variações acerca da denominação  são inúmeras, entre elas hetá, chetá, setá, bugres, notobotocudos.   Ainda assim, de acordo com Mota (1998) foram chamados também de Arés e Botocudos, por Telemaco Morocines Borba, este pioneiro, historiador e etnólogo, descreveu-os na segunda metade do  séc. XIX como povos pacíficos agregados a outras tribos como os Kaingang e os Guarani, não praticantes da agricultura, sendo que sua alimentação era predominantemente oriunda da caça, pesca e frutas silvestres, dado que eram essencialmente caçadores e coletores.
De acordo com Mota (2009) estima-se que a população pré-histórica da região do rio Ivaí habitaram este logradouro cerca de 12.000 a 3.000 atrás, sendo na arqueologia denominados Caçadores e Coletores pré-históricos, sendo assim, possivelmente os Xetás ainda mantiveram estes hábitos antes de entrarem em contato com o branco e sua consequente quase extinção, nos inúmeros relatos encontrados, geralmente, possuíam uma índole pacífica e na maioria das vezes assustada frente ao homem branco e seus ornamentos nunca antes vistos,   
De acordo com Mota &Novak(2008) que se refere a relação dos Xetá com outros povos, é notória a presença dos Xetá em relatos sobre os Kaingang,  geralmente eram chamados de Curutuns ou Curutons (significa os sem roupa), nesta inteiração eram caçados e aprisionados pelos Kaingang*.
Em um artigo de  Trevisan(1979), Alberto Vojtech Fric Tcheco que esteve presente no atual estado do Paraná no início do século XX, impulsionado por idéias positivistas e anticlericais, trazido ao paraná por Dario Vellozo, também relatou sucintamente o povo Xetá, apesar do pouco contato com estes,  caracterizou-os como possuidores de um alto grau de desenvolvimento para o convívio na floresta.
 População Atual
Atualmente as referencias variam acerca da quantidade de Xetás puros, mas possivelmente o número de  Xetás puros, ou seja, não miscigenados por outras etnias, varie de seis a sete, no que se refere aos miscigenados possivelmente estejam entre 99 a 120 habitantes.
Características e Aspectos Culturais,
Em expedições citadas por Mota (1998) pode-se encontrar alguns vestígios de produções dos Xetás, tais como na expedição comandada por Rocha Ferreira no ano de 1842 encontraram um Batoque (disco que usavam no lábio inferior) feito em resina de pinheiro e alguns teares e tecidos de algodão que supõem-se ter sido elaborados pelos próprios Xetás.
Ainda nas publicações de Mota(1998) descreve-se outra expedição, passados três anos da anterior chefiada por Ferreira; Barão de Antonina elaborou outra a fim de explorar a barra do Ivaí fora comandada por Vergueiro com a presença de homens experientes e conhecedores da terra como John Henrique Elliot, encontrando vestígios de derrubada de árvores e  explorações de mel e posteriormente ranchos abandonados que Elliot estimou abrigar cerca de 250 pessoas.
Nesta expedição de 1845 mandada por Barão de Antonina e chefiada por Vergueiro, Elliot notou que alguns Xetás mais velhos sabiam algumas palavras em espanhol, aumentando ainda mais as dúvidas acerca desta etnia presente no estado do Paraná, outras expedições as margens do alto Ivaí também podem ter encontrado os Xetás que por lá habitavam, nos anos seguintes   1850,1855 e 1870.
Frente aos dados encontrados nas bibliografias, é possível destacar que os Xetá geralmente se diferenciavam das outras etnias contidas no estado do paraná, primeiramente por sua fisionomia, possuíam cabelos longos, batoques(discos nos lábios inferiores) e como descreveu Trevisan (1979) em relatos de Albert Vojtech Fric possuíam pés, braços demasiadamente compridos e estatura baixa de aproximadamente 1,60cm. Contudo atualmente a diferenciação se faz mais difícil, principalmente pela miscigenação
Outro aspecto que os diferenciam das outras etnias são seus hábitos de caçadores coletores  e não agricultores como os Guarani (pertencentes do mesmo tronco linguístico), fato este que atualmente é possível distinguir, mesmo que sutilmente    
Pode-se notar que as relações dos Xetás estabelecidas com outras etnias como os Guarani e os Kaingang, e principalmente com o homens brancos se caracterizam essencialmente pela violência vinda dos não Xetá, e  repressão dos costumes Xetás, o que possivelmente levou a quase total dissimação da presente etnia.
Onde estão localizados
Segundo Mota (1998) atualmente ocupam o vale médio e baixo Ivaí, atualmente há remanescentes dos Xetá em Umuarama-PR que convivem na cidade, e em  São Jerônimo da Serra-PR em uma reserva indígena são abrigados pelos Kaingang, e também dispersos em várias localidades do estado do Paraná dada a escassez de recursos e poucas possibilidades de trabalho que estas reservas possuem.